Já havia um tempo que eu sabia da existência de uma rede de pessoas protetoras de animais aqui na região. Quando travei o primeiro contato fiquei pasma com a capacidade que essas pessoas tem de suplantar obstáculos. Não acontece com elas o que acontece comigo de sentir uma impotência sem tamanho diante de um animal abandonado. Elas dão nó em pingo d´água e não desistem de encontrar uma solução, leve o tempo que for. Naquela ocasião perguntei se podia ajudar de alguma forma. Disseram-me que de quando em quando acontecia um bingo com a finalidade de arrecadar dinheiro para os cuidados veterinários da bicharada de rua. Essas pessoas são discretas e não saem por aí alardeando seus feitos ou chorando as pitangas. De forma que só fui ouvir falar delas novamente quando chegou a ocasião do bingo. Eu não poderia ir, mas queria dar minha participação. Perguntei se poderia doar uma peça para ser prenda de alguma rodada. Aceitaram e achei que o mais pertinente era um porta chaves temático que havia feito.
Fui levar a peça e nas conversas cujo tema foi unicamente o bem-estar dos bichos da região, fiquei atônita em constatar que eu não imaginava a dimensão dos problemas que acontecem por aqui. Mas também aprendi que a solução dos problemas existe, basta começar a agir. Aí tudo se encaixa aos poucos e acontecem desfechos felizes ou nem tanto, mas ainda assim muito bons considerando o contexto. Concluí que o maior problema dos animais são os humanos e sua forma obtusa de entender a existência. Quanto a isso, não há arrecadação de bingo que dê jeito.
No final da conversa ainda surgiu um pedido: um porta chaves como aquele, mas com a figura de uma cachorro. Fiquei feliz, lisonjeada e tocada e ouvi que se todos ajudarem uns aos outros, tudo fica melhor. Alguém discorda?
O melhor de tudo para mim foi saber que existem pessoas assim. Dentre tantas adversidades, os motivos para termos esperanças ainda são maiores.