Olá!

Aqui você encontra vários tipos de textos com reflexões, introspecções, filosofadas e relatos, tudo sob a luz do mosaico. Desejo inspirar você com a mesma arte que me inspira.

Garrafa azul e branca.

Começo a fazer uma garrafa a partir da tampa. É ela que irá definir as cores base com as quais a garrafa será revestida. Os desenhos da tampa também servem de inspiração para a escolha dos materiais e para o estilho de linhas que serão criados.

Foi da internet que veio uma boa solução para fazer as tampas de garrafa: rolhas+puxadores de gaveta. Isso mesmo, pegue uma rolha de garrafa de vinho faça um furo no meio e enrosque um puxador de gaveta. Simples como toda boa ideia deve ser.

Diz a regra que devemos começar a revestir uma garrafa pela base. Se o revestimento na base estiver reto, todo que vier depois também estará. Neste caso não fugi a esta regra, mas confesso que após a primeira linha já pulei para o centro e depois fui para cima e depois para baixo...fui num vai e vem até fechar todos os espaços. Por quê? Porque deu vontade, porque é bom demais deixar a mente brincar e guiar as mãos, porque afrouxar as regras no omento da criação pode nos levar a lugares onde provavelmente não iríamos. Isto é muito valioso para quem trabalha com criatividade.

E nesta brincadeira solta foi surgindo esta garrafa azulada. Utilizei pastilhas de vidro, gemas de vidro, millefioris, satined glass, espelhinhos texturizados e miçangas de vidro. No momento do rejunte aconteceu o pavor de todo mosaicista. Algumas peças começaram a soltar como se não houvesse cola alguma ali. O que fazer? Tirar turo o que está mole e rejuntar o que está bem fixo. Depois que este rejunte secou, recoloquei as tesselas que haviam soltado. O diagnóstico da tragédia foi o seguinte: o tubo de silicone estava no final e neste final parece que a mistura não estava bem balanceada. O resultado é que o silicone não secava. Eu nunca tinha visto isso antes, e vocês? Com um novo silicone em mãos os reparos foram feitos e a garrafa concluída. Ficou suave e com uma ar "Gypsy".

Detalhes de gemas e millefioris.


Parte de trás.


Moldura de Mosaico em porta da Karl-Marx-Allee.

Já contei aqui e aqui que a Avenida Karl-Marx foi concebida urbanisticamente para ser uma avenida modelo, capaz de refletir o modo de vida no regime socialista de Berlim Oriental. Os grandes blocos de prédios monumentais são bons exemplos da arquitetura sendo influenciada pela DDR.

Em alguns destes prédios há um mosaico emoldurando as portas principais. São feitos de pedras naturais e pasta vítrea e trazem símbolos que remetem à ideologia socialista.

Não sou entendida em arquitetura, mas fiquei me perguntando se talvez a ideia do mosaico veio depois da concepção da fachada. Não faz sentido colocar duas colunas tapando o trabalho musivo. Pelo menos para mim não faz sentido. De qualquer forma o mosaico é muito belo e está lindamente conservado. Este que você vê a seguir está no número 106.

(clique sobre as fotos para vê-las em tamanho maior)


 

 


Porta velas feitos com potes de patê.

Quando nos dispomos a reutilizar coisas, nosso olhar muda. Todos os objetos passam a ter um novo significado e já podemos enxergar utilidades adicionais para aquilo que, teoricamente, já chegou ao fim. Os recipientes de vidro são um ótimo material para reutilizar já que vidro dura para sempre. Nos potes que tem tampas dá para guardar o que você quiser: botões, clipes, acessórios de cabelo, bijouterias...e se o pote for de um tamanho bom, que tal guardar café, açúcar, sal, saquinhos de chá, grãos, temperos?

Quando os potes não tem tampa, podem funcionar como divisórias organizadoras dentro de uma gaveta. A minha forma predileta é reutilizar este tipo de potes como porta velas. Aqui em Berlim as velas são muito populares e sempre vejo improvisações de porta velas pelas mesas. Uma das aneiras mais comuns é colocar a vela dentro de um potinho de vidro e colocar este potinho de vidro dentro de um saquinho de papel, como os saquinhos para pipoca. Funciona muito bem no visual da mesa. É claro que eu sinto falta de acrescentar cor, então aqui vai a minha sugestão. Para ela usei potinhos de patê. Eles têm um tamanho perfeito para enfeitar mesas ou janelas. Para revesti-los use o que o seu coração mandar...desde que possa ser colado com silicone de uso geral (dica: plástico não adere ao silicone). Eu usei restos de pastilhas de vidro, vidro de garrafa e espelhinhos. Depois que o silicone estiver seco, aplique o rejunte.

As peças feitas artesanalmente carregam uma energia muito especial. Talvez por serem únicas, talvez por trazerem consigo o afeto e a atenção de quem os fez. O fato é que ela tem mesmo esta capacidade de enfeitar transformando, de enfeitar transmitindo uma mensagem. Mas atenção! Pode ser que você não queira mais parar de usar a sua criatividade para reutilizar coisas e este é um caminho sem volta. Pense duas vezes antes de começar a melhorar o mundo. Isto vicia!





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Estes porta velas estão disponíveis para compra na Loja Online no site Etsy. Acesse AQUI.

Cúpula para luminária - uma pequena história de reutilização.

Conheça Antônia, este ser amável e tímido que tem por hábito esfregar-se em tudo quando quer nos dizer alguma coisa.
Antônia em seu momento "por favor não me incomode, estou ocupada com coisas importantes."
Tempos atrás Antônia veio me receber ronronante e logo subiu à sapateira para me contar as novidades. Enquanto eu trocava os tênis pelos chinelos, o esfrega-esfrega começou. No meio de tanto amor estava uma luminária para velas. Em menos de 0,5 segundo a luminária tombou e sua cúpula espatifou-se. Colar os pedaços e manter as marcas da vida? Impossível! Ainda hoje encontro caquinhos daquele dia. O que você faz com uma luminária sem cúpula?
Responda: o que você faz com uma luminária sem cúpula?
Sou um ser que cultiva culpas diversas. Assim, jogar fora não é uma opção. Já podia ver esta luminária boiando numa ilha de lixo no oceano. Não, não, não! Nosso planetinha não aguenta mais isso e eu não conseguiria me olhar no espelho depois de uma atitude dessas. Aí coloquei meu pataco de bosta, ao qual chamo de cérebro, para trabalhar e juntos achamos perdida na estante uma parte de uma garrafa de suco de uva.
Hum...será?
Vamos ver se encaixa?
Oh!
Como dizem os portugueses, achei que resultaria bem. Seria apenas escolher materiais que "conversassem" com a estética desta base - redondo com redondo, laranja com laranja, verde com verde - entende o que digo? Pois bem, escolhi gemas de vidro, pedacinho de vidro e uns espelhinhos, porque tem que ter alguma coisa que brilhe sempre. Senão a gente fica desmotivada...

Muitas gemas, algum silicone e um punhado de rejunte depois, ei-la!
Resulta bem? Para mim resulta!
Toda vez que consigo ter êxito num processo de reutilizar alguma coisa (ou "upcycling" para ser chique/cool), me sinto uma pessoa incrível. Uma coisa que não vai para o lixo para mim é motivo de alegria imensa. O médico falou que não tem o que fazer quanto a isso. Sou assim mesmo. Aceite.
Minha "nova" luminária divando no outono.

Minha "nova" luminária divando com sua luz própria.
Aí você pergunta: isso é mosaico? Eu respondo: Ãh...não. Não exatamente. O princípio é o mesmo, mas a concepção é outra. Como irmãos só por parte de mãe. Mas para quem quer tentar algo novo, impedir que o planeta piore mais, exercitar a criatividade, ocupar-se com algo bom, treinar um olhar diferente para tudo que está à sua volta, etc. acho os projetos de reutilização simplesmente perfeitos. Espero que você experimente algo novo.
Até a próxima! 

Novas luminárias para velas...voltando às origens.

Estamos no outono e acabou o horário de verão. Isto significa que o sol, nosso querido sol, vai embora às 17:00...por enquanto. Em dezembro o pôr do sol acontece exatamente às 15:52. E os dias de sol, minoria entre dias cinzentos, tem aquela luminosidade de 16:30 quando são 12:30. Todos esses números para dizes que há muito menos luz. Não é comum você pensar "por que mesmo saí da cama?" em dias onde única cor disponível é o cinza.

Para enfrentar a época das trevas, como chamo carinhosamente os meses mais escuros, a saída é usar velas. Elas estão por toda parte. Não há um único restaurante, bar, café que não faça uso delas. Assim ficamos consolados com estes punhados de luz quente e seguimos com a vida alimentando, lá no fundo, a esperança de que a Terra continuará girando e que o Sol voltará. Um dia ele voltará...

Coloquei minhas mãos para trabalhar em duas pequenas luminárias para velas que são extremamente fiéis à minha filosofia de trabalho: reutilizar sempre! Luminárias para velas são as peças que produzi em maior quantidade até hoje e sempre que faço uma nova não tenho dúvidas de que preciso continuar fazendo isso. Não houve uma vez que eu não me apaixonasse por essa luz acolhedora e colorida que se projeta tão delicadamente ao redor, que não me transportasse para lugares mágicos que nunca conheci, que não me enchesse de ternura contemplando a chama da vela fazendo seu bailado por detrás do vidro.

Estas luminárias que vocês podem ver a seguir foram feitas de vido reutilizado. Eram dois vidros de conservas cuja parte central foi cortada para outros trabalhos. Sobraram as partes de cima e os fundos. Colei parte de cima e parte de baixo. Depois revesti com gemas de vidro, pastilhas de vidro, millefiori (afinal ninguém é de ferro...), vidro colorido de garrafa e pronto!

(clique sobre a foto para vê-la em tamanho maior)

(clique sobre a foto para vê-la em tamanho maior)

E você? Concorda que luz e cor são capazes de transformar nosso humor?

Até a próxima!
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Der Ratgeber - o Conselheiro.

Der Ratgeber, ou "o Conselheiro", é uma escultura da artista plástica Berlinense Christine Gersch. Esta escultura foi feita em 1998 por ocasião da inauguração da Rathaus Berlin-Mitte, uma espécie de sub-prefeitura para a região central da cidade. Como grande parte de tudo o que existe por aqui, não passou incólume à pichação, mas este triste fato não roubou o ar bonachão que a obra transmite. Um sujeito de braços abertos, acolhedor, receptivo, amoroso.

Detalhe de aplicação de mosaico.

A parte de trás é revestida de mosaico com predominância de cerâmica.

Detalhe em ouro.


A escultura ocupa seu lugar ao lado da entrada do prédio público.
Placa de inauguração.
Agora a minha surpresa aconteceu ao buscar informações sobre a artista e saber que é ela a autora do gnomo misterioso que tem na rua de casa. Aliás o nome da obre é Sternenwächter, algo como "O guardião das estrelas".

Agora já sabemos que é a mãe do gnomo. Vale a visita no site da artista Christine Gersch - http://www.christine-gersch.de/index.html. Entre várias obras com diferentes técnicas, há outras esculturas com mosaico que achei especialmente interessantes.

Estou nesta cidade há um ano e acho que talvez conheça 10% dela. Estes pequenos achados conferem significado ao que está ao meu redor e isso é uma coisa que me agrada muito. Aos poucos tudo fica menos impessoal, mais rico e mais vivo.

Até a próxima!
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Cabideiro com Olho Grego.

Como todo mundo já sabe, o Olho Grego foi uma das peças mais vendidas durante a existência da Lucano Mosaico no Brasil. O primeiro surgiu meio sem querer depois que comprei uma placa oval de ferro do Sr. Walter, serralheiro ultra talentoso de São Bernardo do Campo. Depois deste vieram vários, a maioria com o fundo laranja..ah, vamos matar a saudade:

(clique nas fotos para vê-las em tamanho maior)
O primeiro de todos.


O arabescos também mudavam, mas esta combinação de cores foi unanimidade.

Este foi o primeiro com o fundo colorido...

...e todo mundo sabe que não resisto a um arco-íris.


Este é sobre base de madeira e os arabescos foram adicionados  nas bordas. O fundo foi feito com espelhos e é um dos meus favoritos.
Neste tudo foi subvertido: a base, os planos e as cores.
Com dourado no fundo porque ninguém é de ferro.

Adorei este também e ele ficou com uma querida amiga no Brasil pouco antes da mudança.
Esse no meio do mato, que praticamente ultrapassa as margens da placa retangular foi presente para o Hassan, figura ultra simpática que alegrou muitos de nossos dias aqui.
É óbvio que adoro fazer Olho Grego, só não sei dizer o motivo. Sinceramente acredito que isso não tem importância. O fato é que eu mesma não tinha nenhum. Então juntei o duplamente útil ao agradável.
- Útil 1: precisávamos de um cabideiro. As temperaturas já estão baixando e faz falta não um cabideiro perto da porta para os casacos
- Útil 2: precisava testar uma técnicas para um próximo trabalho e a deixa foi ótima.
- Agradável: agora tenho o meu Olho Grego!

O suporte de metal veio do Brasil.

Não resisti e deixei o acabamento na parte de trás desse jeito. Porque usar apenas uma cor sóbria se podemos fazer isso?
O cabideiro já está em ação e o melhor de tudo é a velha constatação de como uma peça assim muda tudo. Preenche um espaço, transmite uma mensagem, tem uma vibração. Eu digo e repito: o mundo é um lugar muito melhor com mosaico.

Até a próxima!
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Nova loja Online da Lucano Mosaico (vendas somente para a Europa) no site Etsy: https://www.etsy.com/pt/shop/LucanoMosaico?ref=shop_sugg

Contato do Sr. Walter e da D. Marta para quem quiser comprar bases de ferro para trabalhos em mosaico - (11)42352648. Eles também tem uma lojinha no site Elo7: http://www.elo7.com.br/ae7a0

Nova Garrafa Decorada e Nova Loja Online!

Desejo, com todas as minha forças, jamais me cansar de fazer garrafas. Adoro a aparência que tomam e adoro o fato de reutilizar.

Esta garrafa traz como peça central um antigo broche. Foi usado muitas e muitas vezes até a moda, ou o gosto, dizer que já não havia espaço para isso. Entendo a existência de ciclos e aprecio a referência que fazem ao recomeço. Nova vida para a garrafa. Nova vida para o broche.




E como tudo é recomeço, a Lucano Mosaico volta a vender online! A alegria vem na mesma proporção do frio na barriga pela expectativa de ver como o mercado neste continente irá reagir ao meu trabalho.

A loja está hospedada no site Etsy que serve de plataforma para vendas não só de produtos manufaturados, mas também de antiguidades. Segue o link para você visitar a loja e indicar para os amigos:


Até a próxima!



Friedenstaube - Pomba da Paz.

É um belo painel de mosaico de vidro que embeleza a fachada de um escritório de arquitetura. Na internet há pouquíssima informação sobre a obra. Seu autor é Ortraud Lerch, um artista de Berlim de estilo modernista que nasceu em 1939. Infelizmente não consegui saber a data de confecção do mosaico batizado de Friedenstaube (Pomba da Paz).

O que mais me chamou a atenção neste mural foram a combinação de cores, a cadência das linhas curvas e o material. Não é novidade alguma: adoro vidro e tenho vontade de comê-lo. Falei!

Mas vamos ao que interessa: o mosaico fica na Leipziger Strasse, 55 - Mitte/ Berlim.

(clique sobre as imagens para vê-las em tamanho maior)




Estas fotos de detalhes são para quem, como eu, fica pagando pau para o andamento.

Esta foto é só para testar se mais alguém, além de mim, não sente vontade de comer vidro...
Ainda que faltem quase todas as informações sobre a obra, ela ajuda a contar detalhes da história da cidade, que sempre encanta.

Até a próxima!